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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A nossa Bandeira

Fotos colocadas pelo Orlando Duarte no forum O Mundo da Corrida

Obrigado Carlos Sá, por teres exibido orgulho pátrio em vez de mágoa, mas...

…O favor com que mais se acende o engenho
Não to dá a Pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e da rudeza
De uma austera apagada e vil tristeza.

(In Os Lusíadas C.X) ... sempre actual




terça-feira, 30 de agosto de 2011

É "galo"

Vir aqui dizer que Barcelos tem galo, é fazer figura de parvo porque não há, neste País, quem o não saiba.


Mas se disser que, depois desta grande aventura que foi o Monte Branco - o top do ultratrail mundial - Barcelos tem dois homens no top-20 desta grande Prova (Carlos Sá -5º e João Gonçalves-20º) já constitui novidade para muita gente. Gente que gostaria de saber que os portugueses são capazes de proezas que apenas estão ao alcance de muito poucos. Uma prova com mais de 2000 à partida e mais de 50% deles se vêem obrigados a abandonar, dá bem a ideia da dificuldade de tão grande empresa. Mas infelizmente, nada se disse nos órgãos de comunicação generalistas, capazes de fazes chegar a notícia às massas. Nem dos 7 portugueses que a concluíram ( e que grande vitória isso constitui!) nem dos 2 notáveis de Barcelos que acima referi.

Não fosse o nosso amigo Orlando Duarte, ter estado atento, na Net, ao desenrolar da Prova e ir comentando no Mundo da Corrida, o conhecimento ficaria restrito a um número muito limitado de pessoas, na razão inversa da sua importância. Pena é que a sua “emissão” não tenha sido suficientemente captada por quem pudesse amplificá-la.

Por isso e pela forma como foi tratado o assunto em termos mediáticos, se disser agora que Barcelos tem “galo” , já virá a propósito, mas o Trail, em Portugal, também o tem.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O saco da discórdia

Tenho para mim – e, se calhar, erradamente – que o valor da taxa de inscrição numa prova se destina a assegurar o direito de participar e, assim, habilitar-se aos prémios em disputa, consoante o desempenho de cada um. Há prémios escalonados para os que melhor se classificarem e há também os chamados prémios de participação, que são para todos.


Bem sei que as grandes provas dão o chamado kit do corredor no acto do levantamento do dorsal, isto é, o corredor recebe logo aquilo que lhe está destinado independentemente de correr ou de terminar ou não a prova. Bastou inscrever-se. A Organização entendeu que isso seria o bastante.

Talvez contrariando a corrente dominante, acho que isto está mal.

Está mal porque o que o atleta paga é o direito de participar na prova. Não está a comprar os prémios, cujo valor é – no meu entendimento - indissociável da conclusão da prova. Poderá haver quem diga que isso não são prémios, são apenas símbolos da prova. Sim… mas isso implicará que haja outras coisas (prémios?) à chegada.

Mas se a Organização não for dessas que podem oferecer muitas coisas, terá ou não o direito de escolher o momento que entender mais adequado para entregar aquilo que conseguiu ?

É que existem corredores que não distinguem o poderio financeiro de grandes Organizações, da pacatez de meios de pequenas Organizações e então, mesmo tendo desistido da prova, criam embaraços, exigindo aos colaboradores aquilo que estava destinado apenas aos que finalizassem.

-“Paguei a inscrição, tenho direito ao saco!” – e dali, da zona de chegada, não arredam pé enquanto não for satisfeita a exigência.

Há quem perceba este ponto de vista, mas a mim… custa-me a encaixar.

E tudo isto por causa da moda (que já é antiga, bem sei) de dar o saco com o dorsal.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Cinquenta

Durante (e após) o UTNLO realizado no passado dia 13, houve alguém que me “pôs” a fazer contas sobre o número de maratonas e ultramaratonas que eu tinha no meu curriculum. Consultei um quadro que tinha feito há uns 3 anos e tratei de o actualizar. Sabia que, em termos de maratonas já tinha passado das 40, mas ao juntar as ultras, dou com o bonito número de 50(!). Estão todas aí.
Agora não pensem é que eu já aprendi a correr uma maratona como ela deve ser corrida, não só pelos segredos da distância, mas também por “problemas de aprendizagem” do corredor.

 
clique para ver melhor

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Viagem à 8ª Maratona do Porto

Um dos dois autocarros que nos transportaram em 2010
Mais uma vez a Organização da Maratona do Porto irá colocar à disposição dos maratonistas da zona sul, transporte de ida e volta em autocarro, ao preço simbólico de 10 €, como aliás, tem sucedido nos últimos anos. Trata-se de uma medida que se aplaude e cuja importância é reconhecida por todos, revelando que a Organização não se preocupa “apenas” com a Prova, mas também com aqueles que poderão ter alguma dificuldade na deslocação.

Convido todos aqueles que querem tomar contacto com uma Maratona de grande gabarito, (que foi crescendo e, em 7 edições se transformou na melhor e mais participada de Portugal), que aproveitem a oportunidade e testemunhem tudo o que faz da Maratona do Porto a que melhor qualidade apresenta, onde cada pormenor é pensado em favor da satisfação do atleta, que sente toda uma envolvência simpática e familiar.

As reservas podem ser feitas em http://mariasemfrionemcasa.blogspot.com/ e convém que sejam feitas com a maior brevidade possível. Eu vou já tratar disso.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

UTNLO - Foi "canja"


Ele tinha acabado a sua esforçada prova e entra, triunfante, no terreiro da chegada. A sua satisfação era grande, pois tinha conseguido concluir aquilo a que se tinha proposto. Queria comer de tudo o que estava em cima da mesa… mas primeiro  teria que acalmar aquele frenesim que sentia no bucho. Acalmou e vai direitinho ao caldeirão da canja que fumegava de quentinha, num saboroso contraste com o frio da roupa molhada. Pediu só meia tigela, ainda pouco confiante no sucesso de tão apetecida refeição. Delícia! Foi pedir mais e foi sentar-se calmamente no murete de pedra, apreciando o agradável sabor de cada colherada. Terminou e continuou sentado ali no mesmo sítio, refazendo mentalmente algumas passagens desta aventura. Notou que a nitidez das coisas lhe fugia, mas não se assustou, pois seria mais um episódio fugaz justificado pelo esforço. Mas desta vez, estava a demorar a passar. Fechou os olhos, para mostrar que tinha tudo sob controlo, mas só voltou a abri-los quando foi acordado por gente amiga. Foi então que viu que estava deitado no chão! Achou estranho, mas levantou-se com uma enorme sensação de bem estar, como se tivesse acabado de dormir uma boa soneca. Mas viu logo que tinha causado a preocupação de quem o rodeava e, sem querer, estava a ser protagonista de outro “espectáculo”. Pelo seu pé, é conduzido para um local onde o acomodassem melhor, deitando-o e cobrindo-o com uma manta, com as pernas mais altas que a cabeça, para que a gravidade favorecesse um maior afluxo de sangue à “cabeça com pouco juízo”! E aí esteve alguns minutos a recuperar. Troca a camisola molhada por uma seca, toma um chá quentinho, agradece os cuidados, despede-se e vai embora.

Começou a sentir saudades logo que saiu do castelo .

Vá-se lá explicar estas coisas!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

III TNLO (UTNLO)

Juro que era água que tinha na garrafa! eheh (com o Pedro Amorim)
Foto de Paula Fonseca
A inscrição tinha sido feita a tempo e horas, pois esta era uma prova que, desde a primeira experiência, só uma razão muito forte, me impediria de voltar. Gosto de Óbidos, gosto da Prova, gosto da Organização, gosto que tudo isso seja a envolvência de mais um encontro com muita gente amiga. E depois, à conta de tanto “gosto”, alambazei-me ao UTNLO, quando o “simples” TNLO já me daria “água pela barba”. Mas eu tinha aquilo em mente e continuei fiel ao princípio segundo o qual “quando, no mesmo local, há uma prova grande e uma curta eu vou para a grande.”


Cheguei cedo a Óbidos, tendo até “sacrificado” uma das etapas mais espectaculares da 73ª Volta a Portugal em Bicicleta (Subida à Torre) para me pôr ao caminho. Lá chegado vou até ao Jogo da Bola, (local da partida – simbólica - e chegada – real ) onde iriam ser entregues os dorsais e onde fiquei à conversa com a malta amiga que ia chegando, até chegar a hora de ir comer qualquer coisa e “apetrechar-me” para este grande desafio nocturno.

Ora, o que é que eu pensei em levar? – Uma bolsa com uns géis, umas pedrinhas de sal, guardanapos de papel. Numa mão, levava uma garrafa de isotónico e na outra uma garrafa de água que fui bebendo no caminho entre o parque de estacionamento (cá em baixo) e o Jogo da Bola (lá em cima). Na cabeça, um chapéu. Ah… e o frontal! Bem… o frontal (que eu tinha comprado a um “marroquino” por 5€, até dava uma luz jeitosa, mas tinha-se partido uma “asa” que deveria segurar a fita que o prende à cabeça ! Com uns adesivos, dei-lhe umas voltas e pareceu-me que seria suficiente para o segurar mas, como via o pessoal todo equipadinho à maneira, com uns frontais minúsculos, mas com potentes lampiões, tive “vergonha” de exibir o meu, que tinha quase 10 cm de diâmetro e, ainda por cima, cheio de “curativos”. Pensei em pô-lo só quando caísse mesmo a noite.

Fotografia com os companheiros da equipa ACB (Carlos Fonseca, Lúcia Oliveira, Vitor Rafael e 2 novos colegas, Nelson Mota e Armando Pereira) e com outros amigos, uma “bacalhauzada” ao grande Carlos Sá e estava na hora.

Partida simbólica. Toda a gente atrás do guia da Organização, atravessando a Vila de uma ponta a outra, ante o espanto e os aplausos dos muitos turistas que por ali estavam. Na porta principal da muralha, é então dada a partida. As minhas atenções estavam na colocação do frontal, pois tinha chegado o momento de o pôr. A fita não estava ajustada e eu, corricando, ia tentando pô-la à medida. Esforço inglório, e a solução foi levá-lo na mão que estava livre.

Agora, era pensar na corrida e ir desfrutando daquele cenário maravilhoso de um “caminho luminoso” desenhado pelos 400 corredores (uns para os 47 e outros tantos para os 25 Km), caminho esse que, rapidamente deixou de ser “contínuo” para passar a “tracejado” , depois, “ponteado” …

Sabia que tinha de ir com calma e fiquei levemente assustado quando, no 1º ou 2º Km passei pelo grande guru das longas distâncias, Luis Pires, do Porto Runners, que me parecia ir demasiado lento e eu…”cheio da força”. Um sobe e desce violento, faz uma primeira selecção, obrigando a que o pessoal passasse um a um por estreito carril. Formam-se depois pequenos grupos que se vão afastando, mas em que se nota a tendência para que ninguém ficasse sozinho. Segui num grupo com 9 ou 10 até contornar a Lagoa . Uma subida na vertical, em que podíamos ser auxiliados por lianas que pendiam das árvores, reagrupou muita gente e levou-nos ao 1º abastecimento, que foi rápido. Segui e juntei-me a um novo grupo em que seguiam atletas do Milénium, contornando assim, a Lagoa pelo lado poente. Às tantas, na separação dos 25 e dos 47, fiquei sem saber se estes companheiros foram para frente ou ficaram para trás e vejo-me a correr com uma atleta de equipamento avermelhado, experiente em provas de aventura e mantivemo-nos no mesmo ritmo durante vários Km até ao final da tenebrosa subida da duna. Depois viria o trilho por entre a vegetação, com as raízes a pregarem rasteiras e a exigirem uma atenção especial. Aí, o pessoal seguia mais lento, mas a jovem passou para a frente e desapareceu. Depois vinha a parte mais difícil que incluía descer à praia, subir dunas fósseis, atravessar riachos… Consegui manter-me num grupo que só veio a desfazer-se no 3º abastecimento. Entre o 3º e o 4º abastecimento, foi o período mais crítico que atravessei. Fiquei sozinho, precisamente no meio do bosque. As dificuldades aumentavam. Mesmo em terreno plano, dava por mim a caminhar, o que era mau sinal. Nova subida, que ia cruzar com a estrada alcatroada. Muito atrás de mim, vejo aproximar-se gente. Pensei em tomar um gel, que até me soube bem. Mas por pouco tempo. Fiquei nauseado e tive de parar esboçando uns vómitos. Nessa altura, passaram 2 por mim. Não é que me pudessem fazer alguma coisa, mas uma palavrinha que fosse, serviria de conforto, mas estranhei que não me tivessem dito nada, o que contraria o grande espírito de entreajuda que tinha testemunhado na subida das arribas. Mas isso não é para aqui chamado.

O caminhante em que me transformei, ia procurando um passo o mais rápido possível. Vem mais um grupo. Era o Luis Pires, o Pedro Amorim, o Tiago Dionísio e outros que não conhecia. Puxaram por mim:-“vá lá, Fernando. Vamos devagarinho até ao abastecimento que é já ali.”

Doía-me as pernas e com muita dificuldade lá esbocei uns passos de corrida até reabastecer.

Fui rápido. Eles ficaram e eu, como sabia que eles viriam logo a seguir, arranquei a passo para os últimos 8Km. Com o Luis não fui capaz de ir, mas um pouco atrás vinha o Pedro Amorim, que me convenceu :-“Vá lá Fernando, recomeças a correr devagarinho, que as dores vão desaparecendo e, a pouco e pouco, voltas a entrar na corrida!” Hesitei, mas a insistência dele fez-me tentar. Na verdade, passados uns 200 m já me sentia outro. Curiosamente sentia-me com força nas pernas, como se estivesse num “2º fôlego” que consegui aguentar até escalar aquela escadaria do Castelo que nos levava à “Porta do Triunfo”, onde estava o nosso amigo Orlando Duarte a dar as boas vindas, após 6h de prova. O Pedro esperou por mim para uma chegada conjunta, que ficou registada na foto da Paula Fonseca. Um grande abraço ao Pedro Amorim, pois sem o seu fortíssimo incentivo e companhia, só chegaria à Meta lá para o nascer do sol.

Depois, lá estava a lauta mesa com tudo o que era bom, mas que o meu fragilizado estômago não conseguia aceitar. Já sabia que tinha de cumprir “o meu ritual”. Para o efeito, lá estava a mesma árvore do ano passado, para meu encosto, durante o “exercício náusico”. Depois de aliviado, já me apetecia provar aquela canja quentinha. Estava divinal e repeti. Depois sentei-me no murete e descomprimi, enquanto ia vendo alguns companheiros chegarem. “Descomprimi, descomprimi…” e depois “resolvi” deitar-me. E outro “espectáculo” se seguiu em que me vi rodeado de gente amiga, que muito me “apaparicou” e a quem fico muito grato pelos cuidados que tiveram comigo. Para quem não percebeu (estava a evitar dizer, mas como sou um língua de trapo…) tive um pequeno chilique, que não se revelou preocupante. Mas já sei que vêm aí os conselhos . “-Tu vê lá… já não tens 20 anos…com essas coisas não se brinca…!”

OK, prometo que vou ter cuidado. Mas este UTNLO deu-me uma enorme satisfação e, claro está, deixa-me uma incontrolável vontade de repetir. Para a excelente Organização encabeçada pelo Jorge Serrazina, Luis Nunes e António Miranda ( o “triunvirato” bem referido pelo Orlando Duarte) volto a expressar os meus sinceros parabéns por tão cuidado trabalho que constituiu mais um extraordinário êxito desportivo que a histórica Vila de Óbidos bem merece. Bem Hajam.

domingo, 14 de agosto de 2011

III Trail Nocturno da Lagoa de Óbidos


Depois desta extraordinária prova, um gajo fica cansado e, embora maravilhado com tudo o que teve de passar ao longo daqueles intermináveis e “invisíveis” 47 Km, precisa de ganhar algum tempo para conseguir fazer uma croniqueta. Para mais, tratou-se da minha primeira ultra acima dos 43 (sim, porque houve duas que não passaram de tentativas : os 100/24 de Madrid em Junho de 2009, em que me fiquei pelos 33 e a Freita, em Junho de 2010 em que não consegui passar dos 40).

Ainda não consegui ver os resultados, mas acho que acabei dentro das minhas previsões de 6 horas e tal, muito por obra de amigos que me livraram de chegar já ao nascer do sol. A isso referir-me-ei no tal relato que faço questão de escrever, pois aquilo que para mim é um grande feito, tem que ficar dignamente registado aqui no cidadão.

O que pode – e deve – ser feito para já é um voto de louvor à excelente organização de um evento que não deve ser nada fácil de organizar e expressar a minha grande satisfação por verificar o grande aumento do número de participantes, nesta prova de características únicas e organizada por competentes e experimentados homens dos trilhos. E um agradecimento por me terem dado a oportunidade de, mais uma vez ter andado por ali, nas trevas, no meio do chuvisco e do nevoeiro, ora a rondar o castelo, ora a pisar areia, ora a saltar raízes e árvores tombadas, ora a escalar na vertical, ora em grupo, ora em solitário e à procura do minúsculo sinal que indicava o caminho.

Mas isso fica para depois.